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A Carta / Nota Fúnebre
por
Terrace Martin
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Hoje eu acordei num corpo diferente Vi o que já havia mas escolhi fechar os olhos Para o quanto tem sofrido essa gente Já não sou higiénico ou saudável Pois a muito que vivo num corpo doente Sem remédio ou cura aparente Sem futuro próspero, sem amor ao próximo Sem nada que seja benevolente É evidente que estou morto Vivo num inferno surreal Se algo de bom acontecer é rebeldia Nosso sentimento normal é o mal Sentimento nosso é sofrimento Pois foi que nos foi dado desde o primeiro dia Minha vida é nada desde o tempo em que o vento Veio e levou a minha família para bem longe daqui Longe daqui, bem que a tentei seguir Mas no meio desse Céu me perdi No hospital olharam a cena Disseram força senhor Luís Quando foi por negligência que eu vi morrer minha Wife e os Kids Eu pedi a Deus, uma Luz apenas Do Céu só veio Água Quando mais precisava Minha resposta foi nada E o terreno comprado na Mão do Wezza Hoje foi posto em causa Os Faa entraram em cena Hoje fiquei sem casa O que é que eu posso mais fazer? Já não há motivação para viver É por isso que vos escrevo essa carta Deitado numa cama Talvez chega um Rapper É seja imortalizada Eu podia pedir segundos de vida Mas peço paz, saúde e amor para todos meus n***as Felicidades à todos que me amavam e não sabia Quero que deixes cair por eles suas bênçãos divinas Talvez tenha sido ausente quando devia estar presente Sei que o melhor de mim chegou a entristecer inocentes Eu quero ser, mas a minha alma dormente mente Por ter o mal no meu corpo e no âmago da minha mente Irmãos olhei com repúdio porque um dia erraram Quando os meus erros no fundo neles só se espelharam Mas de onde venho, o perfeito que me diga na cara Fiz tudo para ser tudo porque lá nasci sem nada E aqui estou para ser julgado por quem mais acreditei Neste Deus sem cor e forma a quem depositei fé Nem há o que justificar, sequer me dou o trabalho Mas o tom de pele lá fez que com que me tornassem um escravo E eu orei de verdade, pus os joelhos no chão Mas vi o filme da morte de toda uma geração Família não tinha membros muito menos coração E não foi tu quem nos alimentou com seu pão Eu vi tragédias dizimar povos, todos acabar todos Vi a galinhas serem destruídas pelos seus ovos Quem fui eu na minha vida? Vítima do abandono Humano no meu espelho, na rua mais um outro Com pecados que assumo, salinando pelos olhos Pois tudo que eu vi lá em baixo só motiva meus choros Meus ódios, revoltas, meus prantos, coros, meus votos Viram lutas pela verdade sem lugares no pódio Vi remorsos, só tu sabes o que esses olhos viram Ser humano no meio de animais que raciocinam Monstro desse meio imundo, feliz longe desse mundo Mas contudo me preocupo com os que ainda não saíram Será melhor para onde vou mesmo não sabendo onde é Mas lá vidas não circundam pela riqueza e poder Lá a escravidão é nula com e traga à democracia E vives felicidade até o final dos teus dias Também sei que não mereço que cá ficar A vida obrigou - me a mudar Eu sei que devia me culpar Pelos erros que hoje que me estão hoje a julgar Fiz errado quando sabia bem o certo Não segui os teus seguidores não segui teus mandamentos Fui um rebelde sem armas só caneta e cérebro Lutando pelo que faltava aos pobres do meu Reino Mas só uma coisa eu peço Olha menos para pecados e mais para o que sofremos Uns vivem a céu aberto, outros nem céu como teto Quantos dormem te pedindo uma gota de sossego Quantos acordam com medo, mais um segundo No grande inferno que uns chamam terra e eu mundo Onde a ganância colocou o som da justiça no mudo Onde o dinheiro ganhou vida e domina todos e tudo Somos todos mortais Somos todos Mortais A vida é a prova Que somos todos mortais
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