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Prazeres Artificiais
par
Fabio Brazza
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Parecemos peixes presos nessas redes Somos pássaros que já não voam mais Hoje as gaiolas são essas paredes Escravos de prazeres artificiais Eu quero me livrar daqui Juro, mano, que eu vou pular Só pra ver se ainda sei voar Ou será que já desaprendi? E quando o mundo acabar Nos veremos numa estrela por aí Quero morar numa cabana Mas São Paulo é uma savana Nessa guerra insana Cuidado, vivemos num abismo, irmão Não vai confundir que a terra que é plana Penso logo existo? Não, nossa mente nos engana O sol não pensa, mano, mas diz mais do que qualquer filosofia humana Por onde vou, me vejo, mas nunca me acho Se eu não tiver, nunca me encaixo Ou eu fujo ou eu finjo que tenho pra fingir que sou Quero me livrar de tudo que tenho pra saber quem sou Já não sei quem sou, mano, nada sou Tudo bem, se sentir pequeno é tão libertador Quem joga os dados? Não, quem são os donos dos dados, irmão? Cavalos dados, não olhamos os dentes, nós somos culpados Teleguiados jogando às cegas Não jogamos, nós somos as peças Somos asseclas, não somos as mãos, mas as teclas Controlados por mentes acéfalas, doentes por cédulas Não vemos o espinho, só pétalas Não vemos a concha, só pérolas Pera lá, também quero-as Mas a ansiedade nos mata na véspera Quando a solidão me envolver com seu véu Tenho a sensação que só quando as raízes chegarem no inferno Minhas folhas poderão alcançar o céu Quero me livrar daqui Juro, mano, que eu vou pular Só pra ver se ainda sei voar Ou será que já desaprendi? E quando o mundo acabar Nos veremos numa estrela por aí Quebre esse ovo pra nascer de novo Sai do casulo Cave esse túnel, mesmo no escuro Embaixo de todo deserto existe um oceano, eu juro Quando 'cê nasceu, 'cê chorou sem saber que era a vida te dando ar puro Eu não sei do futuro, mas te asseguro: O Sol ainda brilha por trás desse muro Sou como uma ostra na concha, fazendo joia com areia Sou Pablo Escobar, construí minha própria cadeia Creia Posso ser livre até numa casca de noz Mas é nessa casca de nós Que a verdadeira liberdade se semeia Quando isso tudo passar, te encontro numa estrela Não quero tela, quero tê-la Parecemos peixes presos nessas redes Somos pássaros que já não voam mais Hoje as gaiolas são essas paredes Escravos de prazeres artificiais Eu quero me livrar daqui Juro, mano, que eu vou pular Só pra ver se ainda sei voar Ou será que já desaprendi? E quando o mundo acabar Nos veremos numa estrela por aí
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