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Inocência Perdida
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Virtus
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Inocência perdida, violência doméstica Pai homicida, mãe submissa anorética Cancro maligno, uma ordem de despejo Um natal sem prendas, sem um único desejo Primeiro funeral e a primeira luta Primeiro sentimento é raiva à primeira disputa Primeira vez que saíste e namoraste a mentira Pensavas até então que ninguém descobriria Quando te deixaram p'ra trás sozinho perdeste a paz Como quem acende um cigarro num quarto cheio de gás Primeira relação química e metafísica Primeira traição fruto da atração física Primeiro dia que trabalhas primeiras despesas Sobrevivente que no presente vê um futuro de incertezas Criação de defesas sem que tu te apercebas Hoje és um homem diferente, não dorme de luzes acesas O destino é conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje lúcido. A inocência foi perdida. Hoje vivo e sinto como se soubesse a verdade. Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada, mas aparte disso tenho em mim todos os sonhos do mundo Estou certo tão certo que estar errado É cair no erro de pensar que estou sempre certo Neste círculo vicioso, nesta pressão citadina Inocência é perdida em cada rua a cada esquina Vejo homens que ainda ontem era crianças Num abrir e fechar de olhos, adaptaram-se às mudanças Do caderno à pistola, da foice à [?] Da palavra à ação, da promessa, é só treta Nascemos, morremos pelo meio sobrevivemos Não dou ao mundo mais herdeiros neste mundo que vivemos Tenho medo, a inocência cedo perdi Não nasci em berço d’ouro nem se quer um berço vi Os brinquedos eram pneus, arcos, bolas de trapos Agora os putos dos PC's riem-se dos mais fracos Só agora dei por ela, quando me sinto robô Porque anteontem era filho, ontem pai, hoje avô O destino é conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje lúcido. A inocência foi perdida. Hoje vivo e sinto como se soubesse a verdade. Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada, mas aparte disso tenho em mim todos os sonhos do mundo Acendo um… reflito, medito Sou mediador do meu próprio conflito Ser eu ou não ser eis a questão E mais tarde ou mais cedo também vais responder Na altura do resgate vê-se a personalidade Ficarás bem contigo, ou vais-te render à idade? À pressão da sociedade, da família do costume À tendência p'ró fracasso quando te isolas do cardume Envelheces e voltas a ser criança Será um sintoma de Alzheimer, a fuga ou uma doença? Vou perguntar à minha avó mas ela ri-se como um puto Ao contrário de um adulto Que faz tudo com um segundo intuito Num teatro encenado, ensaiado, encerrado Mal a cortina corre muda-se a peça Realidade ou ficção Qual das duas escolheste quando o fim se atravessa? O destino é conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje lúcido. A inocência foi perdida. Hoje vivo e sinto como se soubesse a verdade. Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada, mas aparte disso tenho em mim todos os sonhos do mundo
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