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Brilho Esfacelado
by
Eduardo Taddeo
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Aos 12 fui seduzido de forma precoce Pelo sonho da máquina de ketchup que embala papelote Na adolescência não via a hora de ter uma Cyclop Fazer uma tattoo por ter derrubado um Robocop Imerso na cultura da violência seu espelho Não é o professor mas o que tem no nome uma pá de enterro Seus ídolos não publicam pesquisa de medicina São os que dão salve, determinam a disciplina Entre vender pano de prato, quis a CR-V no sinal Logo de um gambé que atirou na minha coluna cervical Pulverizou a medula espinhal, tecido nervoso Que conecta o cérebro ao resto do corpo Pro ortopedista, neurologista não sairia vivo Aconselharam minha mãe a providenciar um jazigo Acordei do coma e ouvi do doutor de sorriso estampado Você perdeu os movimentos do pescoço pra baixo O PM da escolta aproveitou pra tirar um barato Nunca mais vai comer buceta ladrão aleijado Brilho do crime esfacelado, quis o suicídio Mas o dano na vértebra C6 não me deixava puxar o gatilho Implorei pra que a UTI fosse invadida por meus manos Não pra me resgatar mas desligar o ventilador mecânico Bem melhor a morte lenta da asfixia Do que entrar no mundo desencantado da tetraplegia Arrisquei tudo que eu tinha no banco de apostas Onde o azar representa tiro e deficiência dolosa Ganhei fim solitário, depressivo com atrofia Viagem só de ida pro mundo da tetraplegia Arrisquei tudo que eu tinha no banco de apostas Onde o azar representa tiro e deficiência dolosa Ganhei fim solitário, depressivo com atrofia Viagem só de ida pro mundo da tetraplegia De alta o juiz de custódia me mandou pra casa Não existe ala prisional pra lesão medular traumática Sem células-tronco pra regeneração Um barraco sem adaptação é meu centro de recuperação Sem acompanhamento psicológico, ortopédico Só uma cadeira de rodas comprada no ferro-velho A fisioterapia é outra mulher de cabelo grisalho A única que ficou do lado do filho inválido A que eu xingava por avisar que as notas da registradora Não valem nossa coordenação motora Minha mina vazou pra não passar pomada em escara Ela amava o 157 que esbanjava na balada Perdi meus contatos, 1 terabyte de trutas Porque eu não banco mais Absolut e orgia com puta Quando o peso dos ossos fazem úlceras na sua pele Acabou, é nóis, eu te amo moleque Fiz minha mãe pedir ajuda pros parceiros da antiga Que responderam "faz um vídeo e posta pedindo comida" Filhos da puta, eu no topo faltavam chupar meu pau Eu fudido, mandam minha guerreira fazer vaca virtual No passado desacatava, socava fardado Agora eu nem guio comando cerebral pra um braço Antes a meta era o estojo de jade do joalheiro Hoje seria uma Champions League sozinho no banheiro Arrisquei tudo que eu tinha no banco de apostas Onde o azar representa tiro e deficiência dolosa Ganhei fim solitário, depressivo com atrofia Viagem só de ida pro mundo da tetraplegia Arrisquei tudo que eu tinha no banco de apostas Onde o azar representa tiro e deficiência dolosa Ganhei fim solitário, depressivo com atrofia Viagem só de ida pro mundo da tetraplegia Minha invalidez é culpa do dono de Bugatti Que curte camarote exclusivo pra alta classe Pro maior feito ser posar do lado do cantor Que é da cor que ele sempre discriminou A cada 40 minutos a política do rico Produz dolosamente 4 deficientes físicos Pena meu trauma me impedir de quando o tirano sair do cargo Meter 50 tiros na lataria do carro Pelo cirurgião que manda nudes no celular Em vez de pegar o braço decepado e reimplantar Pelo otorrino que não cura surdez vinda de projétil Ou o oftalmo que deixa o olho ferido a bala ficar cego Devia ter feito algo útil pra sociedade Decapitado o padre com crianças nuas no pendrive Já que não quis ofereço meu drama pra te conscientizar Se espelhe em quem não vai reaprender a andar Entenda que o dinheiro do crime é amaldiçoado Vem com mão mecânica, órteses, vegetais acamados Quem não quer invadir o terminal de carga de c*mbica A bordo de duas viaturas clonadas da polícia Se der certo: Caralho mano, puta estouro Milhões de reais, vários quilos de ouro Se der errado: Caixão, cela superlotada Ou sonhar como eu, com uma cadeira motorizada Arrisquei tudo que eu tinha no banco de apostas Onde o azar representa tiro e deficiência dolosa Ganhei fim solitário, depressivo com atrofia Viagem só de ida pro mundo da tetraplegia Arrisquei tudo que eu tinha no banco de apostas Onde o azar representa tiro e deficiência dolosa Ganhei fim solitário, depressivo com atrofia Viagem só de ida pro mundo da tetraplegia
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